O Afoxé Ọmọdé Ọba (Crianças do Rei), grupo cultural artístico de terreiro formado na periferia da zona sul da capital faz apresentações no mês de outubro por espaços culturais da capital paulistana. O grupo homenageia personalidades negras de diferentes áreas da Cultura Brasileira, entre eles, o ator e sambista Aílton Graça, a escritora e poeta Tula Pilar, o músico e capoeirista Mestre Môa do Katendê, falecido durante as eleições de 2018, e a mestra da dança e professora Renata Kabilaewatala.
As apresentações em espaços culturais da capital como: o Espaço de Cultura Adebankê, dias 7 e 8, no bairro de Arthur Alvim, no terreiro Axé Olho D’Água, dia 12 (feriado), em Sapopemba, e a Casa de Cultura Chico Science, dias 21 e 22, no bairro do Ipiranga. O projeto foi contemplado pela 3ª edição do Edital de Apoio à Cultura Negra para cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.
Ao som de Ijexá, ritmo consagrado para diversos orixás, dentre eles Oxum e Oxalá, o Afov xé Ọmọdé Ọba (Crianças do Rei) sai desde 2019 em cortejo pelas ruas das periferias da cidade de São Paulo, cantando, tocando e dançando memórias ancestrais negras de terreiros, rememorando as tradições dos Afoxés. Com o objetivo de ressignificar as ocupações das ruas e palcos, o intuito do grupo é mostrar a beleza no festar, resistir, e fazer ecoar poesias ancestrais que por vezes são silenciadas pelo preconceito e racismo religioso presente no país.
Com a abertura pós-pandêmica de COVID-19, o grupo vem se apresentando em eventos da capital como: Dia da Capoeira – Encontro da Cultura Afro, 1º Prêmio “Afoxé é o Ritmo do Ijexá”, Celebração à Liberdade Religiosa e a Cidadania, e Lavagem da Escadaria do Theatro Municipal.
Sobre os homenageados
Aílton Graça
Ailton Graça é ator, bailarino e compositor. Investiu no teatro ainda na juventude, na década de 1980, com peças amadoras e experiências circenses, principalmente como palhaço. Começou a despontar para a fama com o filme Carandiru (2003), que deu origem à série Carandiru, Outras Histórias (2004), na Globo, seguido de outras experiências na telona e na TV. A estreia em novelas foi em América (2005), na Rede Globo. Seguiu na emissora, atuando em Cobras & Lagartos (2006), Três Irmãs (2008), Cama de Gato (2009), Avenida Brasil (2012), entre outras produções. Sempre apaixonado por Carnaval, assumiu em 2019 a presidência da escola de samba Lavapés, a mais antiga de São Paulo.
Mestre Moa do Katendê
Músico, capoeirista, arte-educador e fundador do Afoxé Badauê, Mestre Môa do Katendê fez história em Salvador nos anos 80, levando 8 mil pessoas para as ruas, promovendo a reafricanização do carnaval baiano e influenciando uma geração de artistas da MPB. Discípulo do capoeirista Mestre Bobó, Moa começou a praticar capoeira no Dique Pequeno, onde nasceu e morreu. Mais tarde envolveu-se com o grupo Viva Brasil, da folclorista e pesquisadora Emília Biancardi. Antes de formar o Afoxé Badauê em 1978, compôs para o renomado Ilê Ayê. O artista faleceu em 2018 em decorrência de um crime de ódio durante as eleições de 2018.
Renata Kabilaewatala
Renata Kabilaewatala, é artista da dança, praticante de capoeira angola, mãe de Zabelê e Regina, filha de Ademir e Irene. Professora do curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Goiás, membro do Núcleo de Pesquisa e Investigações Cênica Coletivo 22 (NuPICC). É Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Artes da Unicamp, com projeto “Corpo Limiar e Encruzilhadas: Capoeira Angola e Sambas de Umbigada no processo de criação em Dança Brasileira Contemporânea”. Realizou o Doutorado Sanduíche (Capes), na Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa (Portugal). Também na Unicamp, defendeu a dissertação de mestrado “Mandinga da Rua: a construção do corpo cênico em dança brasileira contemporânea” (2004). Mesma universidade em que em 2001, concluiu a graduação em Dança (bacharelado e licenciatura).
Tula Pilar
Poetisa, escritora e performer. Mãe de Samantha, Pedro e Dandara. Nascida em Minas Gerais, Tula Pilar foi presença preciosa nos saraus e eventos culturais de São Paulo, em especial da zona Sul. Seu rosto, sorriso e alegria inundavam os territórios e reverberam sua força nos microfones e espaços que recebiam suas poesias. Foi coordenadora do Raizarte, coletivo de música, dança e poesia, que fundou junto de seus filhos, vendedora da revista Ocas-Organização Civil de Ação Social, participou do projeto Trecho 2.8-Criação e Pesquisa em Fotografia. É autora dos livros “Palavras Inacadêmicas”, produzido de forma independente em 2004, e “Sensualidade de fino trato”, publicado pelo selo do Sarau do Binho em 2017. Também teve participação em obras coletivas, como o “Negras de Lá, Negras Daqui”, lançado em fevereiro de 2019. Faleceu em abril de 2019, deixando a responsabilidade coletiva de preservar o seu legado junto à suas crias. Pilar vem recebendo homenagens e honrarias desde então, dentre elas: dar nome ao Salão Nobre da Biblioteca Mário de Andrade (São Paulo) e homenagem da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo em 2020.
Sobre o Afoxé Ọmọdé Ọba
Nascido no ano de 2019, o Afoxé Ọmọdé Ọba (Crianças do Rei), é idealizado por Wellington Campos e tem enquanto patronos as divindades Ibeji e Xangô, dois orixás masculinos cujas mães estão intrinsecamente relacionadas as divindades femininas Oxum, Oyá e Yemanjá. Fundado por Lilian Soares, Wellington Campos, Patrícia Souza e Felipe Stchuci, teve como berço a periferia da zona sul da cidade de São Paulo, contando com a presença e participação de pessoas provenientes de pontos distintos da cidade e de outras cidades da região. Migrou para a periferia da zona leste, especificamente para o bairro do Jardim Tietê, ocupando os pergolados de praças públicas, como uma ação afro-afirmativa de democratizar o acesso para todos(as/es). O Afoxé saiu às ruas pela primeira vez com a Marcha do Movimento de Mulheres de Heliópolis e Região, uma das maiores comunidades da cidade de São Paulo. O convite partiu da cofundadora Patrícia de Souza que é integrante do Movimento Negro de Heliópolis e Região. De lá para cá, o grupo já se apresentou em diversas ações culturais da capital paulistana e segue na luta para ocupar e retomar espaços culturais lutando contra o racismo religioso.
Serviço
Apresentações do Afoxé Ọmọdé Ọba
Outubro:
Espaço de Cultura Adebankê
07.10 às 19h | 08.10 às 16h
End: R. Durande, 175 – Artur Alvim, São Paulo
Ilé Ìyá Ojú Omi Àse Ayrá Nlá- Olho D’Água
12.10 às 19h
End: Rua Adão Lorenzini 233 – Jardim Nove de Julho, São Paulo
Casa de Cultura Chico Science
21.10 às 19h | 22.10 às 16h
End: Rua Abagiba, 20, Av. Pres. Tancredo Neves, 1265 – Vila Moinho Velho, São Paulo
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